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Traços [ Instalação Multimídia ]
"Paisagem e espaço não são sinônimos. A paisagem é o conjunto de formas que, num dado momento, exprimem as heranças que representam as sucessivas relações localizadas entre homem e natureza. O espaço são essas formas mais a vida que as anima.
(...)
O espaço é a sociedade, e a paisagem também o é. No entanto, entre espaço e paisagem o acordo não é total, e a busca desse acordo é permanente; essa busca nunca chega a um fim.” (SANTOS, 1996).
As palavras de Milton Santos sintetizam uma observação muito minuciosa do mundo à nossa volta e das relações do homem com o mundo que habita. Baseada neste estudo é que a instalação Traces acontece.
As relações do homem moderno com o espaço que habita e frequenta são muito mais frequentemente observadas por um espectador externo do que pelo próprio sujeito. A reflexão sobre o papel que ocupamos simplesmente por estarmos em algum lugar é rara e pouco apreciada. As alterações que causamos a um determinado espaço inserindo, retirando ou modificando materiais nem sempre caminham para o “acordo” mencionado acima e na busca por esse equilíbrio é que esta obra foi pensada.
A obra Traços se caracteriza como uma instalação multimídia interativa e, em sua essência, itinerante. Acontece em dois momentos descritos a seguir e tem como característica mais forte o diálogo com locais bastante específicos: um bairro, uma cidade, uma vila, se modificando sempre cada vez que é revisitada e reconstruída
Num primeiro momento alguns materiais audiovisuais são coletados nas ruas da cidade: Fotos e, principalmente, vídeos de locais onde se encontra a ação do homem, mas sem que esse necessariamente seja visto neste ambiente. Também há a gravação de áudio nestes cenários e espera-se obter registros de sons do ambiente (tráfego, sons de animais, conversas, risos) e depoimentos de transeuntes dispostos a contribuir.
Ainda neste primeiro momento, objetos serão retirados da rua para a construção de um stabile interativo que consistirá na segunda etapa da obra.
Cada um dos objetos constituintes deste stabile atua como um controlador de uma série de efeitos e interações/distorções audiovisuais aplicados na galeria de vídeos coletados previamente e os sons serão disparados em forma de samples de forma a dialogarem com a obra visual que estará sendo desenvolvida.
Assim, propõe-se um olhar sobre a ocupação humana nos cenários da cidade como forma de questionamento do binômio paisagem/espaço e as alterações provocadas pelos seres humanos nestes locais.
A recriação da percepção visual destes cenários se dá a partir do toque e manipulação dos objetos coletados. O tato é o mecanismo através do qual se pretende aproximar o sujeito a questionamentos sobre a trajetória de cada um destes objetos até o local onde ele foi encontrado (se uma rua, caçamba de lixo, parque, praça) e a audição cuida da recriação da paisagem sonora da cidade, agora deslocada de seu ambiente natural e vinculada a novas imagens ampliando a sensação de presença nos espaços/paisagens observados.
Uma nova variável é incluída quando a imagem do próprio sujeito se contrapõe àquelas que estão sendo projetadas/manipuladas. Assim, se posiciona o sujeito em meio ao cenário observado reforçando a experiência de reflexão sobre as relações homem-ambiente, objetivo principal desta obra.
Referência:
SANTOS, Milton. A natureza do espaço: Técnica e tempo, Razão e Emoção. 4a. Edição. São Paulo - EDUSP, 2008.
"Paisagem e espaço não são sinônimos. A paisagem é o conjunto de formas que, num dado momento, exprimem as heranças que representam as sucessivas relações localizadas entre homem e natureza. O espaço são essas formas mais a vida que as anima.
(...)
O espaço é a sociedade, e a paisagem também o é. No entanto, entre espaço e paisagem o acordo não é total, e a busca desse acordo é permanente; essa busca nunca chega a um fim.” (SANTOS, 1996).
As palavras de Milton Santos sintetizam uma observação muito minuciosa do mundo à nossa volta e das relações do homem com o mundo que habita. Baseada neste estudo é que a instalação Traces acontece.
As relações do homem moderno com o espaço que habita e frequenta são muito mais frequentemente observadas por um espectador externo do que pelo próprio sujeito. A reflexão sobre o papel que ocupamos simplesmente por estarmos em algum lugar é rara e pouco apreciada. As alterações que causamos a um determinado espaço inserindo, retirando ou modificando materiais nem sempre caminham para o “acordo” mencionado acima e na busca por esse equilíbrio é que esta obra foi pensada.
A obra Traços se caracteriza como uma instalação multimídia interativa e, em sua essência, itinerante. Acontece em dois momentos descritos a seguir e tem como característica mais forte o diálogo com locais bastante específicos: um bairro, uma cidade, uma vila, se modificando sempre cada vez que é revisitada e reconstruída
Num primeiro momento alguns materiais audiovisuais são coletados nas ruas da cidade: Fotos e, principalmente, vídeos de locais onde se encontra a ação do homem, mas sem que esse necessariamente seja visto neste ambiente. Também há a gravação de áudio nestes cenários e espera-se obter registros de sons do ambiente (tráfego, sons de animais, conversas, risos) e depoimentos de transeuntes dispostos a contribuir.
Ainda neste primeiro momento, objetos serão retirados da rua para a construção de um stabile interativo que consistirá na segunda etapa da obra.
Cada um dos objetos constituintes deste stabile atua como um controlador de uma série de efeitos e interações/distorções audiovisuais aplicados na galeria de vídeos coletados previamente e os sons serão disparados em forma de samples de forma a dialogarem com a obra visual que estará sendo desenvolvida.
Assim, propõe-se um olhar sobre a ocupação humana nos cenários da cidade como forma de questionamento do binômio paisagem/espaço e as alterações provocadas pelos seres humanos nestes locais.
A recriação da percepção visual destes cenários se dá a partir do toque e manipulação dos objetos coletados. O tato é o mecanismo através do qual se pretende aproximar o sujeito a questionamentos sobre a trajetória de cada um destes objetos até o local onde ele foi encontrado (se uma rua, caçamba de lixo, parque, praça) e a audição cuida da recriação da paisagem sonora da cidade, agora deslocada de seu ambiente natural e vinculada a novas imagens ampliando a sensação de presença nos espaços/paisagens observados.
Uma nova variável é incluída quando a imagem do próprio sujeito se contrapõe àquelas que estão sendo projetadas/manipuladas. Assim, se posiciona o sujeito em meio ao cenário observado reforçando a experiência de reflexão sobre as relações homem-ambiente, objetivo principal desta obra.
Referência:
SANTOS, Milton. A natureza do espaço: Técnica e tempo, Razão e Emoção. 4a. Edição. São Paulo - EDUSP, 2008.
Imagem para Divulgação | |
File Size: | 4258 kb |
File Type: | jpg |
Desenho para plotagem na bancada. | |
File Size: | 125 kb |
File Type: | eps |