Movimento Maker, cultura Open Source e pós-capitalismo.
Talvez você já tenha notado a grande quantidade de informações que produzimos hoje em dia. Talvez você já saiba que a informação é o grande barato do momento e que é o verdadeiro negócio por trás de gigantes da internet como Google e Facebook. O que talvez você não saiba é que por causa de tanta informação disponível é possível que já estejamos começando a viver um modelo econômico diferente, mais dinâmico, baseado no compartilhamento e na produção colaborativa. É possível que estejamos no início do Pós-capitalismo.
Paul Mason publicou em 2015 um artigo intitulado “O fim do capitalismo começou” onde explica que por três fatores principais o capitalismo como conhecemos pode estar caminhando para uma grande transformação.
Em primeiro lugar, a tecnologia da informação tem possibilitado a redução da necessidade de trabalho, tem borrado os limites entre trabalho e tempo livre e enfraquecido as relações entre trabalho e salário. A grande onda de automação deve diminuir drasticamente a quantidade de trabalho necessário.
Depois, a informação tem tornado difícil que o mercado possa formar os preços corretamente. Isso ocorre porque o mercado é baseado na escassez enquanto a informação é abundante.
Em terceiro, estamos presenciando um aumento espontâneo na produção colaborativa: bens, serviços e organizações que não obedecem aos ditames do mercado.
Plataformas como a do Tem Açucar?, por exemplo, estão surgindo para permitir trocas, formação de redes entre produtores e consumidores e fortalecer o compartilhamento.
Em seu artigo Mason afirma que, durante e logo após a Segunda Guerra, a informação era vista pelos economistas simplesmente como um “bem público” e que inclusive o governo norte-americano decretara que nenhum lucro deveria ser obtido de patentes, mas apenas do processo produtivo. Até que se começou a compreender a Propriedade Intelectual. “Em 1962, Kenneth Arrow afirmou que numa economia de livre mercado o propósito de se inventar coisas é a criação de direitos de propriedade intelectual. Ele notou: Precisamente na medida em que é bem sucedida, há uma subutilização da informação”.
Isto pode ser observado nos modelos de e-comércio citados anteriormente: monopolizar e proteger os dados, coletar os dados abertos gerados pelos usuários de mídias sociais, transformar a produção de dados em comércio.
Paul Mason diz ainda que se revertermos o princípio proposto por Arrow de que se uma economia de livre mercado mais propriedade intelectual nos leva à “subutilização da informação”, então uma economia baseada na completa utilização de informação não pode tolerar o livre mercado ou a propriedade intelectual absoluta. Os modelos de negócio atuais são feitos para evitar a abundância de informações. Mas, ainda assim, a informação é abundante. Uma vez que algo é criado, pode ser copiado e recriado inúmeras vezes. Isso permite que, com o tempo, o custo de recriação de algo tenda a zero.
Ao mesmo tempo em que as organizações buscam o monopólio da informação, existe outra dinâmica em torno desta: informação como um bem social, livre, incapaz de ser dominada, explorada ou precificada.
É precisamente neste ponto que nos deparamos com outros movimentos econômicos, produtivos e de compartilhamento de informação que permeiam a contemporaneidade. São eles o movimento Open Source e a Cultura Maker.
Segundo a Wikipedia, “Código aberto, ou open source em inglês, é um modelo de desenvolvimento que promove um licenciamento livre para o design ou esquematização de um produto, e a redistribuição universal desse design ou esquema, dando a possibilidade para que qualquer um consulte, examine ou modifique o produto.”
Nos últimos anos, diversas iniciativas se beneficiaram deste modelo. Talvez o maior ou mais conhecido exemplo seja o dos sistemas operacionais Linux. Os sistemas baseados em Linux têm crescido tanto nos últimos anos que até a Microsoft declarou publicamente que ama o Linux e passou a integrar desde 2016 a Linux Foundation. Outro sistema ultra popular baseado em Linux é o próprio Android.
A cultura do Código Aberto, ou Open Source, não se limita apenas a softwares e sistemas operacionais. Muitos esforços tem sido dirigidos já há algum tempo para a criação de Hardware Open Source inclusive com a existência da Open Source Hardware Association.
Grande exemplo de OSHW (Open Source Hardware) é o nosso querido conhecido Arduino: plataforma de prototipagem para eletrônica, computação física, robótica, Internet das Coisas, etc, etc etc. O Arduino tem sido agente de uma imensa revolução no aprendizado de novas tecnologias, programação, automação residencial e industrial e produção artística. Tendo sido utilizado na criação das Impressoras 3D replicáveis contribuiu grandemente para a explosão da bolha do Movimento Maker.
O Movimento Maker, retomada nos últimos anos da cultura do Faça-você-mesmo tem tido reforços de grandes instituições como o MIT, na criação das redes de FabLabs (laboratórios de fabricação digital) e Autodesk (empresa dona do software AutoCad e responsável por programas educacionais e artísticos como a Residência Artística do Pier 9).
Trazendo um exemplo mais próximo de nós, a prefeitura de SP em parceria com o Instituto de Tecnologia Social criou o FabLab Livre SP, uma rede de 12 Fab Labs públicos “abertos e acessíveis a todas as pessoas que tenham interesse em aprender, desenvolver e construir projetos coletivos ou pessoais, envolvendo tecnologia de fabricação digital, eletrônica, técnicas tradicionais e práticas artísticas. “
Não é incomum ver escolas infantis com aulas de robótica com kits LEGO, aulas de Arduino, programação de jogos, oficinas de marcenaria, culinária, costura e outras atividades que favorecem o feito à mão, a troca e a colaboratividade. Também não é difícil observar o número crescente de pequenos negócios que se beneficiam da troca e de uma rede colaborativa: cafeterias, hamburguerias, marcas de roupas, microcervejarias e mais.
Todos estes exemplos e muitos outros nos mostram que talvez o mercado como conhecemos está prestes a sofrer uma grande mudança. O Movimento Maker tem sido chamado de A Nova Revolução Industrial e tem ressignificado relações de produção/consumo permitindo maior autonomia por parte das pessoas, favorecendo microeconomias e fomentando a troca irrestrita de informações.
Cabe a nós, portanto, ser agentes destas mudanças. Criar, compartilhar, copiar, recriar. Sejamos piratas da informação, Robin Hoods da internet. Geppettos e Inspetores Bugigangas.
Paul Mason publicou em 2015 um artigo intitulado “O fim do capitalismo começou” onde explica que por três fatores principais o capitalismo como conhecemos pode estar caminhando para uma grande transformação.
Em primeiro lugar, a tecnologia da informação tem possibilitado a redução da necessidade de trabalho, tem borrado os limites entre trabalho e tempo livre e enfraquecido as relações entre trabalho e salário. A grande onda de automação deve diminuir drasticamente a quantidade de trabalho necessário.
Depois, a informação tem tornado difícil que o mercado possa formar os preços corretamente. Isso ocorre porque o mercado é baseado na escassez enquanto a informação é abundante.
Em terceiro, estamos presenciando um aumento espontâneo na produção colaborativa: bens, serviços e organizações que não obedecem aos ditames do mercado.
Plataformas como a do Tem Açucar?, por exemplo, estão surgindo para permitir trocas, formação de redes entre produtores e consumidores e fortalecer o compartilhamento.
Em seu artigo Mason afirma que, durante e logo após a Segunda Guerra, a informação era vista pelos economistas simplesmente como um “bem público” e que inclusive o governo norte-americano decretara que nenhum lucro deveria ser obtido de patentes, mas apenas do processo produtivo. Até que se começou a compreender a Propriedade Intelectual. “Em 1962, Kenneth Arrow afirmou que numa economia de livre mercado o propósito de se inventar coisas é a criação de direitos de propriedade intelectual. Ele notou: Precisamente na medida em que é bem sucedida, há uma subutilização da informação”.
Isto pode ser observado nos modelos de e-comércio citados anteriormente: monopolizar e proteger os dados, coletar os dados abertos gerados pelos usuários de mídias sociais, transformar a produção de dados em comércio.
Paul Mason diz ainda que se revertermos o princípio proposto por Arrow de que se uma economia de livre mercado mais propriedade intelectual nos leva à “subutilização da informação”, então uma economia baseada na completa utilização de informação não pode tolerar o livre mercado ou a propriedade intelectual absoluta. Os modelos de negócio atuais são feitos para evitar a abundância de informações. Mas, ainda assim, a informação é abundante. Uma vez que algo é criado, pode ser copiado e recriado inúmeras vezes. Isso permite que, com o tempo, o custo de recriação de algo tenda a zero.
Ao mesmo tempo em que as organizações buscam o monopólio da informação, existe outra dinâmica em torno desta: informação como um bem social, livre, incapaz de ser dominada, explorada ou precificada.
É precisamente neste ponto que nos deparamos com outros movimentos econômicos, produtivos e de compartilhamento de informação que permeiam a contemporaneidade. São eles o movimento Open Source e a Cultura Maker.
Segundo a Wikipedia, “Código aberto, ou open source em inglês, é um modelo de desenvolvimento que promove um licenciamento livre para o design ou esquematização de um produto, e a redistribuição universal desse design ou esquema, dando a possibilidade para que qualquer um consulte, examine ou modifique o produto.”
Nos últimos anos, diversas iniciativas se beneficiaram deste modelo. Talvez o maior ou mais conhecido exemplo seja o dos sistemas operacionais Linux. Os sistemas baseados em Linux têm crescido tanto nos últimos anos que até a Microsoft declarou publicamente que ama o Linux e passou a integrar desde 2016 a Linux Foundation. Outro sistema ultra popular baseado em Linux é o próprio Android.
A cultura do Código Aberto, ou Open Source, não se limita apenas a softwares e sistemas operacionais. Muitos esforços tem sido dirigidos já há algum tempo para a criação de Hardware Open Source inclusive com a existência da Open Source Hardware Association.
Grande exemplo de OSHW (Open Source Hardware) é o nosso querido conhecido Arduino: plataforma de prototipagem para eletrônica, computação física, robótica, Internet das Coisas, etc, etc etc. O Arduino tem sido agente de uma imensa revolução no aprendizado de novas tecnologias, programação, automação residencial e industrial e produção artística. Tendo sido utilizado na criação das Impressoras 3D replicáveis contribuiu grandemente para a explosão da bolha do Movimento Maker.
O Movimento Maker, retomada nos últimos anos da cultura do Faça-você-mesmo tem tido reforços de grandes instituições como o MIT, na criação das redes de FabLabs (laboratórios de fabricação digital) e Autodesk (empresa dona do software AutoCad e responsável por programas educacionais e artísticos como a Residência Artística do Pier 9).
Trazendo um exemplo mais próximo de nós, a prefeitura de SP em parceria com o Instituto de Tecnologia Social criou o FabLab Livre SP, uma rede de 12 Fab Labs públicos “abertos e acessíveis a todas as pessoas que tenham interesse em aprender, desenvolver e construir projetos coletivos ou pessoais, envolvendo tecnologia de fabricação digital, eletrônica, técnicas tradicionais e práticas artísticas. “
Não é incomum ver escolas infantis com aulas de robótica com kits LEGO, aulas de Arduino, programação de jogos, oficinas de marcenaria, culinária, costura e outras atividades que favorecem o feito à mão, a troca e a colaboratividade. Também não é difícil observar o número crescente de pequenos negócios que se beneficiam da troca e de uma rede colaborativa: cafeterias, hamburguerias, marcas de roupas, microcervejarias e mais.
Todos estes exemplos e muitos outros nos mostram que talvez o mercado como conhecemos está prestes a sofrer uma grande mudança. O Movimento Maker tem sido chamado de A Nova Revolução Industrial e tem ressignificado relações de produção/consumo permitindo maior autonomia por parte das pessoas, favorecendo microeconomias e fomentando a troca irrestrita de informações.
Cabe a nós, portanto, ser agentes destas mudanças. Criar, compartilhar, copiar, recriar. Sejamos piratas da informação, Robin Hoods da internet. Geppettos e Inspetores Bugigangas.